Em suicidologia o termo “sobrevivente suicida” refere-se a uma pessoa que está sofrendo pela perda autoinfligida de uma pessoa próxima, não se refere a alguém que tentou suicídio. Ou seja, a pessoa sofre pelo suicídio de outra pessoa.
Hoje em dia espera-se que uma pessoa morra, sei lá, de velhice, em um acidente, de formas trágicas causadas por fatores terceiros que ela não tenha como impedir e não por ela mesma, mas no suicídio o quadro é outro.
Em uma ocasião em que a família se depara com uma imagem trágica, e transformam ambientes que eram comuns em lugares tristes.
De acordo com com a Dra. Julie Cerel, especialista em luto e exposição ao suicídio, principalmente em luto por suicídio militar, mostrou que aproximadamente 135 pessoas são afetadas com um único suicídio. E além disso, cerca de 25 pessoas próximas da vítima podem tentar se matar ou ter ideias.
Em 2017, 12.495 pessoas tiraram a própria vida, o equivalente a 34 mortes por dia, é a terceira maior causa de morte por causa externa no país, ou seja, que não sejam de doenças. A taxa de mortalidade por suicídio é de 6 a cada 100 mil pessoas. O país registrou um aumento de 16,8% de mortalidade por suicídio por 100 mil habitantes entre os anos de 2007 e 2016. A alta está relacionada ao número de suicídios masculinos que cresceu 28% nesse período.
Isso significa que dos 12.495 pessoas que morreram por suicídio no Brasil no ano de 2017, mais de 1,6 milhões de pessoas foram afetadas de alguma forma.
As mortes por suicídio, normalmente já traumatizantes, ficam piores quando se tornam públicas, através de investigação policial, TV, mídia social e etc.
Além desses traumas os sobreviventes ainda tem que lidar com a culpa, raiva, a vergonha, os estigmas. A culpa do porque não perceberam, ou porque não atenderam o celular, ou não responderam a mensagem. A raiva porque a pessoa foi assassinada e ela foi seu próprio assassino. A vergonha de falar para as pessoas que uma pessoa próxima a você se matou. E também pode envolver a religião, já que algumas repudiam o suicídio. O estigma de que agora é parente de uma pessoa louca, ou amigo de uma pessoa que se matou.
E muitas vezes a família sente tanta vergonha pelo parente que se matou que decidem “exclui-lo” da existência, fotos desaparecem, o motivo da morte é escondido, ninguém nunca mais toca no nome da pessoa e nem o que levou a morte.
E é exatamente isso que o livro Sem Tempo de Dizer Adeus aborda, como lidar com o suicídio de uma pessoa próxima, como sobreviver a isso.
A escritora conta como perdeu seu marido para a morte e conta a história de várias outras pessoas e de como superaram suas perdas repentinas. Esse livro não é feito para pessoas que querem se matar e sim para os sobreviventes que precisam de ajuda para superar e entender o que aconteceu e o que estão sentindo.
Esse livro não é um livro que pode ser classificado como bom ou ruim, por isso ele não terá nota. O tema que ele aborda é ainda um pouco delicado para a sociedade, e sinceramente não sou a pessoa mais recomendada para dizer se ele deve ser lido pelas pessoas que estão passando por esse tipo de trauma, pois nunca passei por isso.
E para quem está lendo e esta passando por esse momento dificil, eu gostaria de dizer do fundo do coração… eu sinto muito pela sua perda…
Aviso: E para quem está passando por momentos difíceis e só consegue pensar numa maneira de passar essa dor, eu peço que antes de tomar qualquer decisão ligue o CVV número 188 é gratuito, atendimento é de 24h e não precisa se identificar.